miércoles, 16 de enero de 2008

PESSOA, Guardador de Rebaños

Este verano hice un viaje inolvidable a Lisboa. Fue allí donde soplé las velas de mi vigésimo cuarto cumpleaños sobre una mousse de chocolate que las hacía resbalar y donde recibí mi primer regalo: las Poesías Completas de Alberto Caeiro. Por supuesto, hice una parada en "A Brasileira" para tomarme un delicioso café y hasta tuve una "cálida" despedida nocturna del poeta de camino hacia el hotel.
Mentiría si dijese que no lo había descubierto ya. Pero no lo había buceado como es debido...



XXI
Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir- lhe um paladar,
E se a terra fosse uma coisa para trincar
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede- se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem nâo estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...

O que é preciso é ser- se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar- se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
E que se assim é, é porque é assim.

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